Nesses 18 meses de pandemia por COVID-19 alguns termos ficaram frequentes no meio médico e na população geral. Entubar, extubar, vidro fosco, testar positivo ou negativo, saturação, UTI, swab nasal, IgG, IgM, vacinas. E também muito em evidência as alterações de olfato e paladar.

Anosmia é a ausência do olfato. Hiposmia é a diminuição desse sentido. Parosmia é a percepção alterada de um odor, por exemplo sentir um cheiro diferente ou de podre em algo normal. Fantosmia é a sensação de perceber um cheiro de algo que não está presente.

Ageusia é a perda do paladar. Hipogeusia é a diminuição do sentido do paladar. Disgeusia a percepção alterada dos sabores. Desde os primeiros meses do início dessa pandemia, essas alterações do olfato e do paladar foram sintomas muito presentes nos pacientes afetados pelo vírus SARS-CoV-2. Tanto que passou a ser um importante indicador para o diagnóstico, já que antes da pandemia o a mais frequente causa de alterações tão súbitas do olfato(e do paladar já que parte deste tem relação com o olfato) eram os traumatismos crânio-encefálicos, que mesmo leves podem causar lesões e até rompimento dos neurônios olfativos originados do cérebro que penetram no teto do nariz. Na COVID 19, esses sintomas prevalecem nos casos leves e moderados, mas existe dúvida se nos casos graves o comprometimento sistêmico tão intenso deixa passar despercebido essas alterações.

Importante que aqui, diferente dos traumatismos, não existe comprometimento direto dos neurônios e sim das células de sustentação do epitélio no teto nasal ao redor dos receptores olfatórios e com provável edema local. Isso dura por volta de 14 dias. Então esperamos a normalização espontânea do olfato até o máximo de 1 mês pós COVID-19.

Outros vírus como o influenza, adenovírus e rinovírus também causam essas alterações, mas com muito menos frequência e menor tempo para recuperação.

E há também evidências de comprometimento dos corpúsculos gustativos. Mas precisamos fazer uma diferenciação. Gosto que é azedo, amargo, salgado e doce, normalmente ficam preservados. O que é afetado é o sabor, por exemplo, da banana, carne, café e chocolate.

Durante o período de recuperação e principalmente nos casos refratários com vários meses sem olfato e sem paladar é muito importante a atenção do indivíduo para o risco de não perceber vazamento de gases (exemplo o de cozinha), fumaça de algo queimando ou a ingestão de alimentos estragados.

E nesses casos que persistirem os sintomas será imprescindível a avaliação precoce do otorrinolaringologista para descartar outras alterações nasais ou centrais e dar sequência num tratamento específico que pode incluir medicamentos orais ou de uso nasal e também a terapia de treinamento olfativo, com resultados muito satisfatórios.

Autor

Dr. André Luiz Gomes de Araújo
Otorrinolaringologista
Alergista e Imunologista

Contribuindo para o fortalecimento da classe médica e dos serviços de saúde do Vale do Aço.

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