Existe uma cultura, por parte da sociedade e até mesmo por parte de alguns profissionais de saúde de “normalizar” a privação de sono. “Ah, depois que tem filho é normal não dormir”, “bebê não dorme mesmo” e outras expressões que acabam se tornando uma “verdade “ na vida de muitas mamães que, por acharem que é assim mesmo, acabam não buscando por ajuda profissional e o problema se torna crônico, trazendo consequências para o bebê, para a mamãe e para toda a família.  

No período neonatal o bebê dorme de 16 a 18h nas 24h e essa necessidade de sono diminui e chaga por volta de 2 anos com uma necessidade média de 12 a 14 horas de sono por dia.  

Essa diminuição é esperada e a criança passa a ficar mais acordado durante o dia e melhora o tempo do sono noturno.  Mas, devido a uma série de fatores, nem sempre é isso que acontece e a privação de sono pode se tornar um problema na vida dos bebês e das mamães. Vários artigos científicos mostram as consequências da privação de sono no organismo humano. 

Os primeiros 2 anos de vida, é o período de maior desenvolvimento cerebral e o sono é fundamental para esse desenvolvimento, visto que o bebe passa 13 meses, desses 24 meses dormindo.

Durante o sono, milhões de conexões cerebrais são formadas, o sono influencia diretamente no desenvolvimento cognitivo (aprendizado), na regulação do humor, no comportamento, no estado de saúde físico, no desempenho escolar, na socialização, além de ser um dos pilares para o bom funcionamento do sistema imunológico.

Alterações no tempo total de sono ou na qualidade do sono têm consequências no desenvolvimento neuropsicomotor (DNPM) que é o processo em que, a partir de estímulos, a criança adquire determinadas habilidades. Com um caráter progressivo, é esperado que ela obtenha a capacidade de realizar funções cada vez mais complexas.

Bebês com privação crônica de sono têm também risco aumentado de obesidade aos 6 anos e na idade adulta, além de risco aumentado de resistência insulínica e diabetes.

Quando se trata de uma criança em idade escolar e adolescente, os estudos evidenciam uma relação direta da privação de sono com menor atenção, pior aprendizagem, dificuldade de tomar decisões, descontrole emocional (crianças mais impulsivas, agitadas, irritadas), baixa autoestima, ansiedade e maior risco de depressão na infância e vida adulta.

Além disso, um bebe que não dorme causa um desajuste familiar. Estudos científicos apontam para inúmeros prejuízos na vida, principalmente da mamãe, que geralmente é quem está na linha de frente nos cuidados com o bebê. 

As consequências da privação de sono na vida da mamãe são inúmeras, como aumento do risco de envelhecimento da pele, desmame precoce, estresse, ansiedade, sintomas depressivos, brigas entre o casal, risco aumentado de divórcio, prejuízo no rendimento no trabalho (com maior índice de abandono da profissão).

Então o sono é fundamental para o equilíbrio físico e emocional não só do bebê, mas de toda a família, e nós, profissionais de saúde, temos o dever de incluir na nossa anamnese, o interesse em saber como anda a saúde do sono da família. 

O sono, assim como a alimentação, são pilares fundamentais para a vida e esses cuidados devem ser iniciados desde a gestação.

O conhecimento pode mudar toda uma história. 

Por: Dr. Fabiano Tebas

Médico Pediatra e Puericultura

Contribuindo para o fortalecimento da classe médica e dos serviços de saúde do Vale do Aço.

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