Nos últimos meses tenho recebido muitos pais preocupados com a posição da cabecinha dos seus filhos, eles normalmente relatam a preferência dos bebês em olhar para um lado (TMC) e alguns até percebem a cabecinha torta (Plagiocefalia).
Será o que meu bebê tem? Vamos falar de duas possibilidades!
O Torcicolo muscular congênito consiste em uma deformidade musculoesquelética do pescoço observada na infância e caracterizada pelo encurtamento do músculo esternocleidomastoideo (ECM). Ele é a terceira desordem músculo esquelética congênita mais comum em bebês e tende a apresentar uma incidência um pouco maior em bebês do sexo masculino.
Os bebês comumente apresentam uma inclinação lateral para o lado acometido do músculo esternocleidomastoideo (ECM) e uma rotação para o lado contrário e pode-se observar também a inclinação e a rotação para o mesmo lado acometido do músculo do pescoço, o que raramente ocorre.
A causa do torcicolo muscular congênito ainda é inconclusiva, as teorias atuais incluem o mau posicionamento do bebe no útero, trauma no nascimento ou um fator isquêmico.
Os bebês podem ser classificados em três subgrupos dependendo da avaliação clínica do pescoço: bebês com nódulo no ECM, torcicolo muscular e torcicolo postural. O que difere cada subgrupo são a presença do nódulo e a limitação da articulação de movimento ativa e/ou passiva.
Nos primeiros meses de vida os ossos que formam o crânio do bebé estão em evolução, qualquer pressão excessiva ou continuada poderá interferir no seu crescimento normal e causar deformidades. A Plagiocefalia é uma assimetria no crânio dos bebês geralmente provocada pela posição constante em que a criança fica na maior parte do tempo deitada causando um formato ovalado para um dos lados.
Ela é a deformidade craniana mais frequente, registando-se em 46,6% dos bebés aos dois meses de idade, na qual a criança desenvolve uma área plana na parte de trás ou de um dos lados da cabeça; não é um problema unicamente estético, é um problema médico pela pressão exercida sobre o crânio que está em crescimento.
5 Dicas para saber se seu bebê tem torcicolo:
- Cabeça inclinada em uma direção;
- Observar se um ombrinho está mais próximo da orelha do que o outro;
- Procurar um carocinho no musculo do pescoço;
- Observar se prefere olhar para um único lado e tem dificuldade em olhar para o outro quando estimulado;
- Prefere a amamentação em um peito e se irrita ao ser colocado no outro.
5 dicas para saber se seu bebê tem plagiocefalia:
- Observar se a cabeça está plana de um lado;
- Observar se uma orelha está localizada mais para a frente comparada com a outra;
- Observar se uma bochecha é mais gordinha do que a outra;
- Observar se um olho é mais pequeno do que o outro;
- O topo da cabeça é menos redondo e mais pontudinho.
Identifiquei alguns sinais e agora?
Se você Papai e/ou Mamãe identificou algum desses sinais em seu bebê deve relatar ao seu Pediatra que faz uma avaliação e geralmente encaminha essa criança para o parecer de um Ortopedista Pediátrico para concluir ou descartar o diagnóstico. O exame clinico é a ferramenta mais importante para o diagnóstico, e pode eventualmente ser complementado por radiografias e ultrassonografia.
Importância do Diagnóstico Precoce
O diagnóstico precoce é o que interfere diretamente no prognóstico de evolução destas patologias.
No Torcicolo congênito o diagnóstico realizado até os seis meses de vida é caracterizado precoce, o que contribui para descartar torcicolos mais graves e reverter a situação.
O torcicolo não tratado pode desencadear outras deformidades como a plagiocefalia, o atraso de amadurecimento psicomotor e a escoliose prejudicando a vida funcional desta criança.
Na plagiocefalia se a deformidade craniana não for tratada correta e antecipadamente, pode causar assimetria craniana e da face (basicamente uma obliquidade da linha média) que pode persistir até à idade adulta. A plagiocefalia pode causar problemas funcionais de motricidade, problemas cognitivos e de aprendizagem de fala.
Outros problemas associados são: desalinhamento do maxilar com má oclusão, otite média de repetição, problemas auditivos e astigmatismo unilateral ou bilateral.
O tratamento
O tratamento habitual se dá pelo Fisioterapeuta que indicará o que for mais adequado a cada bebê após realizar o exame físico, pois a quantidade e a frequência variam com a gravidade do torcicolo congênito e da Plagiocefalia. É importante salientar que o acompanhamento dos pais em casa também é fundamental para a eficácia do tratamento.
O tratamento do pescoço iniciado a partir das primeiras semanas de vida permite que o bebê se desenvolva simetricamente, com a capacidade de rolar para a esquerda e direita e de usar as mãos igualmente, sem as consequências do desalinhamento em seu desenvolvimento neuropsicomotor.
O tratamento da cabeça dependerá da idade do bebê e do grau da plagiocefalia para o fisioterapeuta avaliar qual a melhor intervenção entre mudança de rotina e orientações familiares associado ao trabalho de fortalecimento muscular ao uso de órtese (capacete) para corrigir a assimetria.
Negligenciar o torcicolo congênito e a plagiocefalia ou esperar que eles se resolvam espontaneamente pode trazer efeitos negativos sobre o desenvolvimento motor do seu bebê, então observe sua criança e procure orientações dos profissionais especializados.
Autora
Karine Cristina Lopes Rocha(Crefito-4: 57949-F)
Bacharel em Fisioterapia pelo Centro Universitário de Caratinga – UNEC em 2003;
Certificada pela Associação Brasileira de Abordagem Neurofuncional ABDAN – Curso Básico do tratamento Neuroevolutivo Bobath – Conceito Bobath em 2008;
Certificada pela Associação Brasileira de Abordagem Neurofuncional ABDAN – Curso Avançado Neuroevolutivo Bobath – Conceito Bobath em 2008em 2010;