
Toda sociedade, toda organização e toda comunidade necessitam possuir normas que definam o comportamento de seus membros. Regras e normas são necessárias para que os indivíduos que compõem estas organizações/comunidades possam se orientar em relação aos seus direitos, deveres e maneiras de agir de forma correta, respeitosa e igualitária.
Os médicos, bem como as organizações de prestação de serviços médicos, não fogem a esta questão. A classe médica e as instituições de saúde devem atuar obedecendo os ditames do código de ética médica. Alguns dos princípios fundamentais deste Código asseveram que “a medicina é uma profissão a serviço da saúde do ser humano e da coletividade, devendo, esta, ser o alvo de toda atenção do médico, em benefício da qual deverá agir com o máximo de zelo e o melhor da sua capacidade profissional.” Para agir sempre com diligência, competência e prudência, cabe ao médico aprimorar continuamente seus conhecimentos e acompanhar o progresso científico.
O respeito, a consideração, o tratamento humanizado, bem como a escuta atenta e o sigilo, são pedras fundamentais na construção de uma boa relação médico-paciente. Para tal, é necessário tratar o paciente com civilidade, respeitando sua dignidade e autonomia, sem discriminá-lo de qualquer forma ou sob qualquer pretexto. Ao paciente deve ser garantido o exercício do direito de decidir livremente sobre sua pessoa e seu bem-estar, bem como sobre a execução de práticas diagnósticas e terapêuticas, salvo em caso de iminente risco de morte. Mas é direito do paciente, querendo, solicitar uma segunda opinião ou a realização de uma junta médica, não podendo o médico opor-se à sua vontade. O adoecimento gera, no indivíduo, angústia e sofrimento por ser algo desconhecido e inesperado, levando o mesmo a interpretar sua doença como uma urgência. O que o paciente busca, quando procura o médico, é o acolhimento da sua dor e padecimento. Muitas das vezes o conforto para o sofrimento vem mais da maneira como o paciente é acolhido e cuidado do que do conhecimento técnico que lhe é ofertado. Cabe ao médico, detentor do conhecimento, conduzir o atendimento com respeito e consideração sem desqualificar o sentimento do paciente. Plagiando Hipócrates: “Curar quando possível; aliviar quando necessário; consolar sempre.”
Não é demais, também, lembrar que o médico deve ter respeito e consideração para com os colegas. Sua relação com todos os profissionais deve basear-se no respeito mútuo, na liberdade e na independência de cada um, sempre em busca do interesse e do bem-estar do paciente. Lado outro, não pode deixar de denunciar, aos órgãos competentes, atos que contrariem os postulados éticos.
Ao interagir com os meios de comunicação o médico deve agir com sobriedade sem se autopromover de forma exagerada e abusiva. Evitar que sua participação em qualquer meio de comunicação de massa deixe de ter caráter exclusivamente de esclarecimento e educação da sociedade, cuidando para que ao divulgar assunto médico não o faça de forma sensacionalista, promocional ou com conteúdo inverídico.
Sendo direito universal do trabalhador, é louvável e justo que o médico seja remunerado de forma digna pelo seu trabalho. É dele que vem o seu sustento e o de sua família. A profissão é fonte de stress, exigindo do médico trabalho árduo em turnos muitas vezes extenuantes. Exige constantes investimentos em atualizações e treinamentos técnico-científicos. Mas é preciso estar atento para que o foco econômico não sobrepuje o foco no interesse pelo cuidado do paciente. O mercantilismo é abominável na profissão.
Quatrocentos anos AC, Hipócrates já profetizava: “Primum non nocere”.
Ipatinga, 11 de agosto de 2025
Adir de Paula Lima