Entre as boas lembranças do tempo de criança, uma guardo com saudade; era aos sábados pela manhã, a vinda do “palhaço Perpétuo”, sempre acompanhado pela criançada do bairro por onde passava. Era um senhor já calvo, com seus poucos cabelos embranquecidos pelo tempo, vestido de palhaço, cara pintada em vermelho e branco, uma espécie de “palhaço tupiniquim”.

Suas roupas modestas, a calça larga, cinto em elástico, com grandes bolsos sempre repletos de balas e pirulitos que distribuía para as crianças. O sapato com seu bico arqueado e um “guizo” na ponta, quando andava fazia o barulho característico. A camisa de mangas compridas é que variava na cor, sempre um xadrez com predominância do branco, já encardido pelo tempo, na cabeça uma cartola sem o tampo, preta no passado, agora cinza pelo uso.

Trazia um inseparável megafone, em latão, sempre brilhando, polido pelo cuidadoso dono, que era usado nas suas falas, sendo também um instrumento para seus malabarismos, fazendo movimentos no entorno de seu corpo, ora em forma elíptica, ora circular, numa espécie de balé em que o corpo e o instrumento se somavam. Na extremidade de menor diâmetro, havia uma pequena abertura usada nas suas falas.

Eram versos simples, mas que nos encantavam pelas suas brincadeiras, piadas e contos, intercalados por propaganda de lojas – parte de seu sustento –. Sua fala era mais ou menos assim: – Chapéu de couro, cuia de “abobra d’água”, Lojas Americanas, a Soberana, onde você se veste bem. O refrão era sempre o mesmo, o que variava era o nome das lojas. Era o que a criançada chamava de palhaço propaganda.

É a este homem, simples nas suas apresentações, alegre por natureza, honesto por compromisso consigo mesmo, que presto minhas homenagens em “Ode a um Palhaço”.

No palco da vida, quantas vezes tive medo,
Quase sempre era buscando encantar,
Muitas vezes eu falava bonito,
Outras vezes era só gaguejar.

Embora sempre aplaudido,
Minha vida foi um só caminhar,
Entre as crianças do mundo,
Buscando sempre agradar.

Muitas vezes fui o bobo da corte,
Outras vezes fui o rei a mandar,
Muitas vezes ao bater, apanhava,
Outras vezes ao sonhar, acordava.

Ser palhaço me faz ser feliz,
Ser palhaço me obriga a encantar,
Ser palhaço é viver noutro mundo,
Ser palhaço é sorrir e chorar.

Contribuindo para o fortalecimento da classe médica e dos serviços de saúde do Vale do Aço.

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Por tras de cada máscara existe um coração defendendo a vida.

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