Nos últimos anos essa dúvida tem aparecido com frequência no consultório, famílias preocupadas por ver sua criança andar na ponta dos pés e automaticamente associarem a um diagnóstico de Transtorno no espectro autista (TEA), então vamos falar um pouco sobre esse assunto e trazer um guia para esclarecer quando é importante se preocupar com a marcha equina, ou a caminhada na ponta dos pés que preocupa muitos pais.
Vamos começar conhecendo o desenvolvimento motor infantil, os bebês se desenvolvem de maneira espontânea e obedecendo uma lei, a lei céfalo-caudal, que estabelece que o controle motriz começa pelas partes próximas à cabeça e termina nas pernas e pés. Os pequenos assumem o controle da cabeça, depois do tronco, iniciam os movimentos exploratórios no solo e posteriormente se verticalizam passando do chão para o alto, iniciam a exploração em um nível mais elevado, até que a criança adquire a habilidade íntegra da locomoção sobre dois pés, que acontece de 12 a 18 meses de vida.
O andar na ponta dos pés, é um padrão de locomoção comum em crianças pequenas, é importante entender que a marcha equina pode ser tanto uma fase normal do desenvolvimento quanto um sintoma de uma condição médica subjacente.
3 cenários da marcha equina como parte normal do desenvolvimento infantil
Fortalecimento muscular: Andar na ponta dos pés pode ajudar a fortalecer os músculos das panturrilhas e do tornozelo, o que é importante para o desenvolvimento da marcha, e a criança faz uso dessa forma de caminhar para ganhar musculatura.
Exploração: Crianças pequenas exploram diferentes formas de se movimentar, e andar na ponta dos pés pode ser apenas mais uma delas, buscar alcançar objetos colocados no alto é uma motivação para fazer ponta de pé repetidas vezes
Imitação: Algumas crianças podem imitar outros, como bailarinos ou personagens de desenhos animados, e adotar essa postura de forma lúdica e confortável.
É comum que crianças entre 2 e 3 anos andem na ponta dos pés ocasionalmente. Geralmente, esse hábito desaparece espontaneamente com o tempo, à medida que a criança desenvolve mais controle sobre seus movimentos, adquire maior equilíbrio e autonomia para iniciar e pausar a marcha sem cair.
Quando se preocupar?
A marcha equina se torna motivo de preocupação quando:
É constante: Se a criança continuar andando na ponta dos pés por um período prolongado, mesmo após os 3 anos de idade, fazendo desta postura sua preferência, aumentando assim o trofismo de panturrilha
É rígida: Se a criança não conseguir flexionar os tornozelos voluntariamente, se os pais de forma passiva têm dificuldade de movimentar o tornozelo desta criança encontrando resistência.
Está associada a outros sintomas: Se a marcha equina estiver acompanhada de fraqueza muscular, dificuldades de equilíbrio, dor ou deformidades nos pés, movimentos repetitivos de mãos, agitação.
Para saber se está tudo dentro do esperado, na marcha de seu filho, este guia vai auxiliar os pais a observarem alguns aspectos importantes da marcha do bebê, oferecendo informações básicas e dicas úteis. É fundamental lembrar que cada bebê tem seu próprio ritmo de desenvolvimento e que, em caso de dúvidas, filme, fotografe e leve para o pediatra de seu filho.
O que observar na marcha do bebê?
Idade: A maioria dos bebês começa a andar por volta dos 12 meses, mas a faixa etária normal varia entre 9 e 18 meses. A ponta dos pés pode aparecer e desaparecer por vários momentos.
Base de apoio: Inicialmente, a base de apoio do bebê é ampla, com os pés afastados. Com o tempo, essa base se estreita ficando mais próximo da marcha do adulto.
Comprimento dos passos: Os primeiros passos são curtos e inseguros, parecendo que o bebê esta correndo; tornando-se mais longos e firmes com a prática e melhorando o ritmo
Posição dos pés: Os pés podem estar levemente virados para fora no início, mas tendem a se alinhar com o tempo, podendo durar até os 3 anos.
Equilíbrio: Observe se o bebê consegue manter o equilíbrio ao andar, se inclina para os lados ou se parece inseguro. O percurso até o equilíbrio adequado por volta dos 16 a 18 meses, pode apresentar marcha na ponta dos pés
Braços: Os braços são utilizados para auxiliar no equilíbrio, com movimentos amplos, quando a marcha ainda é imatura ocorre elevação e abertura dos braços.
Ritmo: A marcha do bebê é inicialmente irregular, tornando-se mais rítmica com o passar do tempo. A dificuldade de frear o movimento faz com que busquem sempre um objeto para agarrar.
Sensorial: A falta de vivencia sensorial, pouco contato com várias superfícies diferentes, e/ou alteração no sistema sensorial podem levar a ponta de pé nos bebes quando iniciam a marcha
Dicas para estimular a marcha do bebê:
Crie um ambiente seguro: Remova objetos que possam causar tropeços e ofereça um espaço amplo para o bebê se movimentar. Deixe o bebê descalço para fazer os ajustes necessários para o amadurecimento da marcha. Ofereça superfícies de apoio fixas para iniciar e terminar a marcha.
Incentive a exploração: Permita que o bebê explore o ambiente de forma segura, incentivando-o a se movimentar de um local para o outro, incentive que passe do chão para o ficar de pé sozinho com e sem apoio.
Ofereça apoio: Segure nas mãos do bebê enquanto ele dá os primeiros passos, transmitindo segurança e confiança. Não grite ou vibre alto fazendo com que o bebê perca a concentração ou se assuste, pode provocar quedas.
Brincadeiras: Brincadeiras que estimulem a locomoção, como pegar objetos ou correr atrás de um brinquedo, são ótimas para desenvolver a marcha. A bola e carrinhos são brinquedos excelentes que transmitem movimento e motiva a criança ir ao encontro. Colocar objetos de interesse da criança em cima de uma cadeira firme para que empurre de um local para outro, evitando deixar a criança empurrar moveis com rodinha, pois é mais propicio a queda.
A soma de 2 ou mais sinais abaixo podem indicar que a marcha equina não é apenas uma fase:
Persistência: Se a criança continuar andando na ponta dos pés após os 3 anos de idade, de forma constante é um sinal de alerta.
Inflexibilidade: Se a criança não conseguir flexionar os tornozelos voluntariamente, mesmo quando solicitada.
Dificuldade em realizar outras atividades: Se a criança tem dificuldade em correr, saltar, agachar com os pés todo no chão ou subir escadas.
Dor: Se a criança reclama de dor nos pés ou nas pernas.
Deformidades: Se houver deformidades nos pés ou nas pernas.
Outros sintomas: Se a marcha equina estiver associada a outros sintomas, como fraqueza muscular, dificuldades de equilíbrio, movimentos repetitivos de cabeça, tronco e mão; alterações de comportamento ou atraso no desenvolvimento.
A marcha na ponta dos pés é um assunto complexo que exige uma avaliação individualizada de cada caso. Embora possa ser uma fase normal do desenvolvimento, é fundamental estar atento aos sinais de alerta e buscar orientação médica quando necessário.

Contribuindo para o fortalecimento da classe médica e dos serviços de saúde do Vale do Aço.

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